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sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Crise financeira faz disparar procura por apoio psicológico nos EUA

Hoje li um artigo interessante no Jornal de Negócios que decidi postar aqui, na senda da já afamada crise financeira mundial e que coloca a nú as fragilidades do actual modelo económico-financeiro neo-liberal. E não se iludam com a euforia verificada durante o final desta sexta-feira que contagiou quase todas as principais Bolsas mundiais, derivado ás medidas anunciadas pelo governo do Sr. Bush e sus muchachos .

"Uma grande onda de ansiedade está a varrer os Estados Unidos, de Wall Street à Califórnia, provocada pelo colapso do mercado de crédito imobiliário, pelos preços da gasolina, pelas restrições ao crédito e pelo crescente desemprego.

A crise financeira, que provocou uma explosão das execuções de hipotecas, está fazer com que as pessoas procurem os serviços de saúde mental a níveis não verificados desde os ataques terroristas de 11 de Setembro.

"Está a acabar com os sonhos das pessoas de comer um pedaço do bolo", disse Victoria Tabios, 52 anos, que trabalha numa agência de saúde mental em Stockton, Estado norte- americano da Califórnia, cidade que está no epicentro da pior crise imobiliária que assola os EUA desde a Grande Depressão. "Há uma sensação de desesperança, irritabilidade e raiva."

Em Nova Iorque, as ligações para a rede Hopeline, que atende pessoas com depressão ou pensamentos suicidas, deram um salto de 75%, para 10.368 casos, nos 11 meses até Julho de 2008.

A ComPsych Corp., sediada em Chicago, a maior provedora de programas de assistência a empregados do mundo, registou em Julho uma subida de 21% no número de pedidos de ajuda por telefone devido a pressões financeiras, em relação ao mesmo mês de 2007.

O número de admissões nos hospitais para serviços psiquiátricos aumentou 10% este ano, segundo os papéis apresentados ao UnitedHealth Group Inc., a maior seguradora de saúde dos EUA.

"O auge de 11 de Setembro provavelmente foi mais alto no início, mas este tem sido mais sustentado", disse o principal executivo da ComPsych, Richard Chaifetz, numa entrevista por telefone. A previsão de Chaifetz é que a crise económica e o subproduto psicológico vão "piorar e agravar-se" nos próximos 12 meses.

Mesmo as pessoas que não perderam o emprego ou a casa sentem ansiedade. Um estudo realizado, em Abril, pela Associação Americana de Psicologia revelou que três em cada quatro norte-americanos estão ansiosos devido a problemas de dinheiro.

Outro estudo, realizado em Setembro de 2007, revela que quase metade dos entrevistados disse que essa ansiedade está a afectar as suas vidas profissional e pessoal.

"Atingimos um ponto máximo, em que a ansiedade quanto à economia está impregnada por toda parte", disse Dan Abrahamson, diretor-executivo assistente do departamento clínico da associação. As preocupações "estão ali o tempo todo; você não consegue tirá-las da cabeça."

"Muitas pessoas procuram-nos com depressão, com medo de perderem suas casas" e muitos filhos estão a sofrer com a ansiedade dos pais, tendo dificuldade em se concentrarem na escola, disse Marcos Gallardo, director de serviços de saúde comportamentais do El Concilio, entidade filantrópica de Stockton.

"É uma enorme ansiedade para toda a família, especialmente para as crianças", disse Garry Hill, director de serviços clínicos do Instituto da Família da Universidade do Noroeste, na área de Chicago. Garry Hill trabalha com várias famílias que perderam as casas. O número de pessoas que procura o instituto cresceu cerca de 15%, acrescentou.

Barbara Mautner, psicoterapeuta de Manhattan com consultório em Wall Street, disse que a falência do Lehman Brothers, que ameaça 25 mil empregos, desencadeou uma onda de ansiedade. Um cliente, que conseguiu encontrar uma nova posição depois de ser demitido com a quebra do Bear Stearns, está novamente em pânico.

Os telefonemas para os serviços da rede Hopeline têm aumentando todos os meses desde Novembro de 2007, segundo o presidente da organização, Reese Butler.

“Nunca vimos um aumento nas ligações como este nos 10 anos de nossa história", disse Butler, em entrevista telefónica." in, Jornal de Negócios de 19/9/2008

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