ROUBA MUITO QUE, DE RESTO,
TERÁS UM BOM ADVOGADO
QUE PROVA QUE ÉS MAIS HONESTO,
QUE PROPRIAMENTE O ROUBADO.
(António Aleixo)
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
Crise Financeira
A crise financeira explicada por um poeta:
São os furacões e os ventos
Que nascem nos Estados Unidos
Passam por todos os continentes
E até nós somos atingidos
É a ganância e a impunidade
É o querer sempre mais dinheiro
É esta a triste realidade
Que abrange hoje o mundo inteiro
É o culminar de dois mandatos
De um Presidente atordoado
Que só tem feito é disparates
Que atinge toda a Humanidade
Julga-se o líder mundial
Nesta corrida sem tréguas
Mas é dentro do seu curral
Que as ovelhas são mais negras
Que provocaram este furacão
Com todas a suas forças
Nas praças da especulação
Estão mais vazias as bolsas
É o crédito mal parado
É o corrector a ganhar comissões
O banqueiro bem acomodado
E o gestor a sacar milhões
Os políticos estão aflitos
São os governos a injectar dinheiro
Que pagaram os contribuintes
Novamente para o banqueiro
São os banqueiros e os gestores
Quando vêm o barco a afundar
Tiram o resto dos valores
Que ainda há para tirar
E o dinheiro para onde vai
Que não se vê nem os sinais
Para os mares calmos do Dubai
Ou para outros paraísos fiscais
José Filipe
sábado, 22 de novembro de 2008
Plantando Pensamentos Entre as Cinzas
Hoje deixo-vos aqui este excelente poema (em espanhol) sobre o atroz sistema neoliberalista e sobre a globalização.
Hoy, cuando los ingenieros del consenso
parecen haber logrado su objetivo.
Cuando los artífices del pensamiento único se han apoderado de nuestras mentes y de nuestras vidas.
Cuando los constructores de ruinas campan a sus anchas en nuestras salitas por el único ojo que mira por nosotros.
Ahora que los telediarios
nos sirven como cena caliente y recién hecha
lo que se cuece cada día en los insondables
fogones de la cocina internacional.
Ahora que todavía el salpicón de vísceras,
despojos y otros productos de casquería racional no alcanza a ensuciar nuestras blancas camisas.
Ahora que la canalla
impunemente nos manda sus mensajes
de muertes en directo, violaciones de niñas
e indios -que no montan a caballo- masacrados.
Ahora que el guinnes del horror
se consigue cada cinco minutos,
y que las sonrisas valen tres mil pesetas
según dice, sin rubor, el anuncio de una ONG.
Ahora que la mayor y más tremenda plaga de este siglo,
el integrismo neoliberal,
parece haber extendido su guerra santa
a todos los confines del planeta.
Ahora que una espantada de caballos hambrientos
devasta las praderas del mundo,
cocea los países, pace pueblos enteros,
irrumpe en nuestras casas
y olvida una herradura
forjada con el fuego del nuevo orden mundial.
Ahora que los mercaderes de esclavos
eligen a sus presas mirándolas
fijamente a los dientes
en las colas de miseria del INEM.
Ahora que los cartones
alfombran las grandes avenidas
de nuestra vieja Europa,
mientras los arquitectos
se adentran en la selva
abriéndose camino a golpes de autopista.
Ahora que la razón de Estado
se alza secreta e impunemente
para seguir matando y torturando
incluso en los países
democráticamente democráticos.
Ahora que las tribus vuelven
a marcar sus territorios con sangre,
y que las esvásticas brillan en el cielo
amenazando otra vez nuestros destinos.
Ahora que muchos dicen
que todos los falsificadores de la Historia
han desaparecido tras un muro,
ahora que es cuando la Historia ha dejado de existir.
Ahora que los libros
no se queman por decir herejías,
(aunque siguen produciéndose casos
en los que se intenta quemar a sus autores)
ahora que arden bibliotecas enteras.
Ahora que el apartheid es la otra orilla,
la otra orilla siniestra del barquero,
el lugar a donde nadie quiere ir
y el lugar de donde nadie vuelve.
Ahora que los que van a nacer no saben
si los dados caerán del lado del hambre
o del de la anorexia.
Ahora que en el gran circo
exhiben una criatura de Chernobil
y que en Mururoa celebran una fiesta
adornando las calles con guirnaldas radiactivas.
Ahora que de todos los calendarios
cuelga la foto de un paisaje
con un bosque petrificado
y un lago seco.
Hoy que están de moda los finis terrae,
las sectas, los cometas,
los genocidios y los milenios,
hoy que todos los caminos
son caminos calcinados,
tal vez alguien pregunte.
Tal vez alguien pregunte
por qué razón los versos
ya no despiden olor a primavera.
No se pueden hacer ofrendas
con rosas mutiladas
y la tormenta acalla los violines.
Las margaritas ya no dicen si o no,
sus hojas nacen muertas.
Y entre tanta agonía
es hora de sembrar
una nueva cosecha.
Plantemos pensamientos
entre las cenizas.
Chusa Lamarca
Fonte: http://www.hipertexto.info/desglobaliza/poemas.htm
domingo, 2 de novembro de 2008
Balada da Neve
Hoje nevou por aqui e recordei-me, de imediato, de um grande poema "A Balada da Neve" desse, igualmente, grande poeta português Augusto Gil.
Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.
É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho…
Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.
Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria…
. Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!
Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho…
Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança…
E descalcinhos, doridos…
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!…
Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!…
Porque padecem assim?!…
E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
e cai no meu coração.
terça-feira, 5 de agosto de 2008
O Poema
Deixo-vos aqui um dos meus poemas de sempre, da autoria desse grande poeta de nome José Régio.
Cântico Negro
"Vem por aqui" --- dizem-me alguns com olhos doces,
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom se eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui"!
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos meus olhos, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
--- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha mãe.
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Por que me repetis: "vem por aqui"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis machados, ferramentas, e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátrias, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,
--- Sei que não vou por aí.
José Régio