"Desde o começo do novo milénio, atentados, catástrofes, uma mais aterradora que a outra, sacodem o planeta. De Nova Iorque a Bagdade, do Cáucaso a Bali, de Gaza a Madrid, milhares de seres humanos são ceifados, queimados, dezenas de milhares feridos.
Nos países do hemisfério sul, as epidemias e a fome fazem cada vez mais vítimas. A exclusão e o desemprego grassam no Ocidente.
Mas os novos feudos capitalistas não cessam de prosperar. O ROE (rendimento dos fundos próprios) das 500 maiores companhias transcontinentais do mundo foi de 15 por cento por ano desde 2001 nos Estados Unidos, de 12 por cento em França.
Os meios financeiros desses empórios excedem, e de longe, as suas necessidades em investimento: é, assim, que a taxa de autofinanciamento se eleva a 130 por cento no Japão, 115 por cento nos Estados Unidos e 110 por cento na Alemanha. O que fazem, nestas condições, os novos senhores feudais? Recompram maciçamente na Bolsa as suas próprias acções. Pagam aos accionistas dividendos faraónicos, e aos administradores, gratificações astronómicas. (Em 20 de Julho de 2004, a Microsoft anunciava que os seus accionistas iam embolsar 75 mil milhões de dólares a título de dividendos durante o período 2004-2008.)
Mas nada os sacia! Os lucros supérfluos continuam a crescer."
Jean Ziegler, in
O império da vergonha
Porto, Edições Asa, 2005
Pelo menos até muito recentemente foi assim. Agora, aguardemos para observarmos e constatarmos se de facto este modelo económico pereceu, revigorou-se, metamorfoseou-se ou simplesmente se auto-destruiu!
Pessoalmente não sou muito optimista (infelizmente) quanto à tese de que o mundo económico face à crise deixou de ser na sua essência aquilo que era, mas como anteriormente referi, aguardemos. E para todos aqueles que pretendem novos desígnios no que concerne a uma economia dita mais sustentável e um mundo de pendor mais humanista, é favor meus amigos ,manifestarem esse vosso desejo, e lutar por isso mesmo!