Muito já foi dito sobre os resultados das Eleições Europeias e nós, para não fugirmos à regra, iremos tentar fazer o mesmo.
É por demais consabido que a campanha eleitoral foi uma vergonha, que em nada instruiu os eleitores portugueses sobre qual o programa de cada um dos partidos em relação à Europa resumindo-se a uma troca de insultos e a uma propositada confusão entre as Europeias e as Legislativas, a consubstanciação da mesma nos resultados que foram lançados ontem à noite não trouxe novidade nenhuma. O PS perdeu uma oportunidade de fazer uma campanha mais esclarecedora sobre os seus objectivos na Europa, porque por uma questão de timing e oportunidade não lhes era, de todo, favorável entrar no debate político interno. No entanto caíram na esparrela montada pelos partidos da oposição.
Mais uma vez, estas foram umas eleições em que praticamente quase toda a gente saiu vencedora, exceptuando o maior derrotado que foi o PS logo seguido do Opinion Shakers cujo número de visitas baixou drasticamente no dia de ontem.
Ricardo Araújo Pereira referiu ontem que nem tudo foi tão bom para o PSD nem tudo foi tão mau para o PS, porque tendo o Partido Socialista um desgaste enorme em termos de governação, estando o seu líder envolvido como suspeito no caso Freeport, todos os problemas com a Educação, com a Justiça e com a crise económica, apenas o simples acto de chamar Vital Moreira para encabeçar a lista de candidatos às Europeias era quase o mesmo que estar numa feira, num Poço da Morte e chamar a atenção do público "Vejam, agora sem mãos!!".
Embora não partilhe dos ideias sociais democratas, tenho a noção de que o PSD tinha a obrigação de ganhar as eleições de ontem. Embora o Paulo Rangel tenha sido praticamente o One Man Show da campanha laranja, para além do muito que fez, contribuiu também mudar a perspectiva que muitos analistas políticos tinham da Ferreira Leite que a encaram agora como uma líder com uma maior legitimidade dentro do próprio partido pela aposta que fez. Cá para mim, duvido mesmo que o Paulo Rangel cumpra o seu mandato até ao fim no Parlamento Europeu.
O Bloco de Esquerda, com alguma surpresa, tornou-se a terceira força política em Portugal, constituindo-se assim, e tendo em conta os outros dois partidos de direita que ocupam os dois primeiros lugares PS e PSD, como a única força de esquerda a ocupar o pódio.
A CDU perdeu o lugar para o Bloco de Esquerda, obtendo ainda assim uma desvantagem muito ténue.
O CDS apesar de ter sido o 5º partido mais votado, também cantou vitória visto que o seu maior oponente eram mesmo as sondagens. CDS=1 Sondagens=0.
Last but not least, a grande vencedora da noite foi mesmo a abstenção, mesmo tendo sido tão hostilizada pelos partidos, ela foi o verdadeiro grito de desagrado e desencanto do povo para com a corja que nos governa.
Ainda há pouco recebi por e-mail um video histórico, estou falando mais propriamente do video onde Tomás Taveira demonstrava o seu apetite voraz por aquela parte onde terminam as costas e começam as pernas. Ao ouvir aquelas célebres expressões do Taveira do estilo: "Calma, calma, calma!!"; "Já está todo lá dentro!!"; "Aguenta!!" e "Não chora!!", não pude deixar de pensar que o Tomás Taveira é uma perfeita metáfora para os nossos governantes, enquanto que por outro lado as moçoilas que iam ao escritório do conhecido Arquitecto, somos nós o Povo Português. Explico-me melhor. As senhoras íntimas do Taveira quando iam ao escitório dele iam na convicção de que alguma coisa mudasse na sua vida, e não estou só falando do andar, estou-me referindo ao facto de que muitas delas para subirem na carreira tiveram que levar com o carimbo do Taveira. Nós como povo, fomos também ontem ao escritório dos nossos governantes para ver se algo começa a mudar na nossa vida, mas ao contrário das moças do Taveira, o mais certo é que a única coisa que conseguiremos mudar na nossa vida será a dificuldade em andar e ficarmos cada vez mais pobres. Passámos este tempo todo a dizer "Ai, Ai dói tanto!", mas o que é certo é que a esperança continua lá...
segunda-feira, 8 de junho de 2009
Eleições, celebrações e desilusões
domingo, 7 de junho de 2009
Sugestão para acabar com a abstenção
Hoje estaremos na iminência de atingirmos um número recorde nas eleições para o Parlamento Europeu. Entretanto já há vozes que se fazem ouvir, defendendo que o melhor era fazer do voto uma obrigação, nós por cá esperamos que essas vozes não cheguem ao céu. Um dos grandes defensores desse sistema é o Presidente do Governo Regional dos Açores.
Tenho uma sugestão bem melhor do que essa para terminar com a abstenção e é simples. Passo a explicar: por cada voto os candidatos seriam eleitos tal e qual como agora, porém acrescentar-se-ia um pequeno pormenor ao processo, por cada um desses votos todos os candidatos levariam um murro nos queixos ou no estômago (era só votar onde). Para que tudo isto terminasse em beleza todos os candidatos teriam de ser tratados num hospital público (e não privado) tal e qual como a maioria dos cidadãos, tudo isto antes de nos representarem no Parlamento Europeu. Este sistema deveria ser extrapolado também para todos os outros tipos de eleições. Tenho a certeza absoluta que a abstenção diminuiria drasticamente. Teríamos, talvez, alguma abstenção da parte dos familiares e amigos dos candidatos, e daí talvez não.
Eleições Europeias 2009
(Script: Máté Heisz. Editor: Adorján Czakó. Music: Yann Tiersen Comptine D'un Autre Été: L'après Midi. Special thanks to Ádám Heisz and Riker. - Universidade de Hull)
sexta-feira, 5 de junho de 2009
Eleições Europeias: Abstenção e Legitimidade Democrática
Extraído do sítio da Euronews.
Pergunta: “O Parlamento Europeu continuará a ter legitimidade democrática se a participação for inferior a 20 por cento?”
Resposta de Julia De Clerck-Sachsse (investigadora no ‘Centre for European Policy Studies’ em Bruxelas: “ A questão sobre a baixa participação e a legitimidade do Parlamento Europeu… É verdade que quanto mais baixa for a participação, menor será a legitimidade do Parlamento. Por isso, de facto, é um assunto importante: o Parlamento Europeu deve tentar aumentar a participação; e os eleitores também devem assumir as suas responsabilidades e ir votar.”