" Ninguém tem vontade de discutir o essencial." - Miguel Pacheco, Jornalista
in Jornal "i", edição de 26/11/2009
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
A frase de reflexão do dia...
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
"Portugueses vão ficar mais pobres" - Martim A. Figueiredo
A merecer destaque e especial atenção, o editorial da edição de 24 do corrente do Jornal "i" da autoria de Martim Avillez Figueiredo.
"Há momentos na vida de um país em que é preciso pôr travões a fundo a quem manda. Para isso, é indispensável que os portugueses se insurjam. Portugal está na banca rota e ninguém parece preocupado. Devia estar. A situação é dramática. Quando Vítor Constâncio vestiu ontem o casaco de assessor do Governo, antecipando mais impostos e avisando cortes nos salários, podia estar a dizer a verdade - mas não está a ser sério. Ou melhor, Constâncio é sério. O que não é sério é o responsável macroeconómico do país não se revoltar contra a política macroeconómica de Portugal.
Crescer impostos é uma afronta aos portugueses (mesmo que pareça inevitável) e ainda mais desconsiderante para cada um dos habitantes deste país é ouvir o Governo dizer que não vai subir impostos - quando o Governador sabe muito bem que Sócrates terá de o fazer. Sucede que o mesmo Governador sabe bem que os portugueses já são os europeus a quem é exigido o maior esforço fiscal (faça Zoom nas páginas 14 a 17), e que esse esforço é entendido quase sempre como dinheiro deitado à rua - uma vez que em cima dele têm ainda de comprar seguros de saúde, pagar propinas de escolas privadas e deixar dinheiro nas portagens da auto-estrada. Pagam, mas começam a não perceber para quê. E quando o esforço privado de cada um serve para financiar os erros de gestão políticos e as trapalhadas financeiras do Estado, então o caldo tem tudo para se entornar. O país está a chegar onde nunca chegou - e não culpem só a crise. A fatia pública que mais cresceu em Portugal (desde 1985) foram os impostos: mais do que a economia, mais do que despesa. É quase ultrajante: a preços acumulados e correntes, os impostos nacionais engordaram 964% entre 1985 e 2008. Pode dizer-se: o país está melhor, vive-se hoje um nível de conforto inimaginável no Portugal dos anos oitenta. Sim, mas se o custo é a banca rota que absurdo de país é este? Seria como se cada um de nós mudasse, em 20 anos, de apartamentos para sumptuosos palácios à beira-mar apenas para descobrir que... abriria falência. Que raio de políticos permitiram que isto acontecesse?
A pergunta que se segue à manchete que o i hoje publica é evidente: se Sócrates não encontra solução para o país, quem encontra? Ou será que não existe? E aqui as respostas são curtas, mas a dois tempos. Primeiro, tudo na vida tem consequências. O facto de parecer que não existe uma solução não desculpa quem a procura. É duro, mas é assim nos mais pequenos detalhes da vida de cada um. Segundo, uma das vias que se discutem hoje na Europa é alimentar a retoma económica com uma poderosa reforma fiscal - pôr tudo em causa. Se Portugal tem 5 grandes centros de receita fiscal (IVA, IRC, IRS, especiais sobre o consumo e ambientais), pode mudar tudo. Há a ideia do imposto natural de dois professores de Yale ou a do imposto corporativo imaginada pelo social-democrata britânico Antony Crosland (releia em www.ionline.pt). E muito mais alternativas. Nenhuma fará milagres, mas é criminoso ver o país à beira da banca-rota e fingir que não se passa nada." - in jornal "i", 24/11/2009
domingo, 22 de novembro de 2009
"Plano Inclinado"
O nome do programa é "Plano Inclinado", passa na SIC-Notícias aos Sábados (apesar de na passada semana ter sido a um Domingo)por volta das 22Horas, tem a apresentação de Mário Crespo e conta com 3 convidados interessantes: Henrique Medina Carreira, João Duque e Nuno Crato, os quais se debruçam a analisar a actual realidade política, económica e social portuguesa numa perspectiva que visa alertar e consciencializar os cidadãos para aquilo que no fundo é a crua realidade do nosso país.
O programa vai já com 3 episódios, e para a próxima semana o tema que irá estar em especial análise é o panorama da Educação em Portugal.
Definitivamente a não perder!
Como refere Medina Carreira, perante os problemas da nossa Economia:
"Está-se a dar aspirina a um sujeito que tem um cancro no cólon!"
De seguida um pequeno excerto do 2º episódio.
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
terça-feira, 11 de agosto de 2009
A valorização da mediocridade e do individualismo
Na passada semana, lia um artigo no jornal "i" do Nobel da Economia de 2008 - Paul Krugman, sobre a questão da premiação daquilo a que o próprio define como "os maus actores".
Esta é uma questão que está intrinsecamente ligada com o actual estado do sistema financeiro mundial, na medida em que segundo Krugman,"A especulação financeira pode e deve servir propósitos úteis. Mas muito do que se faz em Wall Street não traz qualquer benefício social, e pode mesmo ser destrutivo".
Na frase de Krugman, é fácil identificar dois "eixos" que considero bastante reveladores daquilo em que de facto se transformaram os actuais sistemas financeiros mundiais: sem benefícios sociais e (como se acabou por constatar) destrutivos.
Não quero com isto afirmar que, existem sistemas infalíveis. Claro que não. Aquilo que pretendo focar, e que o próprio Krugman também refere, é simplesmente o facto de que para muitas empresas, independentemente de as mesmas serem óptimas naquilo que fazem (no caso em análise, empresas ligadas ao mundo bolsista), independentemente de as mesmas gerarem lucros gigantescos (mesmo que não tenham qualquer ajuda estatal ou financeira para tal), a sua actividade e o modo como actuam é prejudicial para a sociedade em geral.
Afirma então Krugman:
"A especulação financeira pode servir um propósito útil. É positivo, por exemplo, que os mercados de futuros forneçam um incentivo para armazenar combustível antes de o clima arrefecer e para armazenar gasolina antes da época estival dos passeios de carro.
Mas a especulação baseada em informações que não estão disponíveis ao grande público é um assunto completamente diferente. Como o economista da UCLA Jack Hirshleifer demonstrou em 1971, essa especulação combina frequentemente "lucro privado" com "inutilidade social".
Ora, a ânsia pelo lucro a qualquer preço tem conduzido a que cada vez mais, falar de "lucro privado" é sinónimo de falar-se de "inutilidade social", o que é mau. Isto porque, propicia discursos que encaram o lucro privado como algo nefasto, hediondo e não mais do que o resultado de uma prática corrente de exploração do mais fraco.
Sabemos que em muitos casos -infelizmente - essa é uma realidade inerente à conduta empresarial de muitas empresas. Contudo, na minha modesta opinião, o cerne destas visões mais extremadas do mundo da economia e das finanças, reside mais na situação criada pelos ditos "maus actores", os quais canalizaram exclusivamente para si todo os grandes lucros, sem a mais pequena objecção ética e moral face ao meio social em que os próprios estão inseridos criando desse modo, um profundo e nefasto desiquilíbrio social (tomemos como exemplo, aquilo que se passa actualmente com as ditas «classes sociais»). Ainda por cima, com um dado agravante: a premiação dos que nos empobrecem.
Pegando uma vez mais nas palavras de Krugman, para terminar, "nem a administração nem o nosso sistema político em geral estão prontos a enfrentar o facto de que nos tornámos uma sociedade em que os grandes lucros vão para os maus actores, que premeiam principescamente aqueles que nos empobrecem."
Quantos Madoff's, andarão por aí?
quinta-feira, 23 de julho de 2009
A Pandemia do Lucro
Gostaria de partilhar com vocês este texto que recebi por e-mail, cuja autoria desconheço.
"Que interesses económicos se movem por detrás da gripe porcina???
No mundo, a cada ano morrem milhões de pessoas vitimas da Malária que se podia prevenir com um simples mosquiteiro.
Os noticiários, disto nada falam!
No mundo, por ano morrem 2 milhões de crianças com diarreia que se poderia evitar com um simples soro que custa 25 centimos.
Os noticiários disto nada falam!
Sarampo, pneumonia e enfermidades curáveis com vacinas baratas, provocam a morte de 10 milhões de pessoas a cada ano.
Os noticiários disto nada falam!
Mas há cerca de 10 anos, quando apareceu a famosa gripe das aves...os noticiários mundiais inundaram-se de noticias...
Uma epidemia, a mais perigosa de todas...Uma Pandemia! Só se falava da terrífica enfermidade das aves. Não obstante, a gripe das aves apenas causou a morte de 250 pessoas, em 10 anos...25 mortos por ano.
A gripe comum, mata por ano meio milhão de pessoas no mundo. Meio milhão contra 25.
Um momento, um momento. Então, porque se armou tanto escândalo com a gripe das aves?
Porque atrás desses frangos havia um "galo", um galo de crista grande.A farmacêutica transnacional Roche com o seu famoso Tamiflú vendeu milhões de doses aos países asiáticos. Ainda que o Tamiflú seja de duvidosa eficácia, o governo britânico comprou 14 milhões de doses para prevenir a sua população.
Com a gripe das aves, a Roche e a Relenza, as duas maiores empresas farmacêuticas que vendem os antivirais, obtiveram milhões de dólares de lucro.
-Antes com os frangos e agora com os porcos.
-Sim, agora começou a psicose da gripe porcina. E todos os noticiários do mundo só falam disso...
-E eu pergunto-me: se atrás dos frangos havia um "galo"... ¿ atrás dos porcos... não haverá um "grande porco"?
A empresa norte-americana Gilead Sciences tem a patente do Tamiflú. O principal accionista desta empresa é nada menos que um personagem sinistro, Donald Rumsfeld, secretario da defesa de George Bush, artífice da guerra contra Iraque...
Os accionistas das farmacêuticas Roche e Relenza estão esfregando as mãos, estão felizes pelas suas vendas novamente milionárias com o duvidoso Tamiflú.
A verdadeira pandemia é de lucro, os enormes lucros destes mercenários da saúde.
Não nego as necessárias medidas de precaução que estão a ser tomadas pelos países.
Mas se a gripe porcina é uma pandemia tão terrível como anunciam os meios de comunicação.
Se a Organização Mundial de Saúde se preocupa tanto com esta enfermidade, porque não a declara como um problema de saúde pública mundial e autoriza o fabrico de medicamentos genéricos para combatê-la?
Prescindir das patentes da Roche e Relenza e distribuir medicamentos genéricos gratuitos a todos os países, especialmente os pobres. Essa seria a melhor solução."
segunda-feira, 6 de julho de 2009
Portugal dos pequeninos... governantes
Deixo-vos aqui mais um texto brilhante de Miguel Sousa Tavares sobre o estado do nosso país (para ler com atenção):
sic
Segunda-feira passada, a meio da tarde, faço a A-6, em direcção a Espanha e na companhia de uma amiga estrangeira; quarta-feira de manhã, refaço o mesmo percurso, em sentido inverso, rumo a Lisboa. Tanto para lá como para cá, é uma auto-estrada luxuosa e fantasma. Em contrapartida, numa breve incursão pela estrada nacional, entre Arraiolos e Borba, vamos encontrar um trânsito cerrado, composto esmagadoramente por camiões de mercadorias espanhóis. Vinda de um país onde as auto-estradas estão sempre cheias, ela está espantada com o que vê:
- É sempre assim, esta auto-estrada?
- Assim, como?
- Deserta, magnífica, sem trânsito?
- É, é sempre assim.
- Todos os dias?
- Todos, menos ao domingo, que sempre tem mais gente.
- Mas, se não há trânsito, porque a fizeram?
- Porque havia dinheiro para gastar dos Fundos Europeus, e porque diziam que o desenvolvimento era isto.
- E têm mais auto-estradas destas?
- Várias e ainda temos outras em construção: só de Lisboa para o Porto, vamos ficar com três. Entre S. Paulo e o Rio de Janeiro, por exemplo, não há nenhuma: só uns quilómetros à saída de S. Paulo e outros à chegada ao Rio. Nós vamos ter três entre o Porto e Lisboa: é a aposta no automóvel, na poupança de energia, nos acordos de Quioto, etc. - respondi, rindo-me.
- E, já agora, porque é que a auto-estrada está deserta e a estrada nacional está cheia de camiões?
- Porque assim não pagam portagem.
- E porque são quase todos espanhóis?
- Vêm trazer-nos comida.
- Mas vocês não têm agricultura?
- Não: a Europa paga-nos para não ter. E os nossos agricultores dizem que produzir não é rentável.
- Mas para os espanhóis é?
- Pelos vistos... Ela ficou a pensar um pouco e voltou à carga:
- Mas porque não investem antes no comboio?
- Investimos, mas não resultou.
- Não resultou, como?
- Houve aí uns experts que gastaram uma fortuna a modernizar a linha Lisboa-Porto, com comboios pendulares e tudo, mas não resultou.
- Mas porquê?
- Olha, é assim: a maior parte do tempo, o comboio não 'pendula'; e, quando 'pendula', enjoa de morte. Não há sinal de telemóvel nem Internet, não há restaurante, há apenas um bar infecto e, de facto, o único sinal de 'modernidade' foi proibirem de fumar em qualquer espaço do comboio. Por isso, as pessoas preferem ir de carro e a companhia ferroviária do Estado perde centenas de milhões todos os anos.
- E gastaram nisso uma fortuna?
- Gastámos. E a única coisa que se conseguiu foi tirar 25 minutos às três horas e meia que demorava a viagem há cinquenta anos... - Estás a brincar comigo!
- Não, estou a falar a sério!
- E o que fizeram a esses incompetentes?
- Nada. Ou melhor, agora vão dar-lhes uma nova oportunidade, que é encherem o país de TGV: Porto-Lisboa, Porto-Vigo, Madrid-Lisboa... e ainda há umas ameaças de fazerem outro no Algarve e outro no Centro.
- Mas que tamanho tem Portugal, de cima a baixo?
- Do ponto mais a norte ao ponto mais a sul, 561 km. Ela ficou a olhar para mim, sem saber se era para acreditar ou não.
- Mas, ao menos, o TGV vai directo de Lisboa ao Porto?
- Não, pára em várias estações: de cima para baixo e se a memória não me falha, pára em Aveiro, para os compensar por não arrancarmos já com o TGV deles para Salamanca; depois, pára em Coimbra para não ofender o prof. Vital Moreira, que é muito importante lá; a seguir, pára numa aldeia chamada Ota, para os compensar por não terem feito lá o novo aeroporto de Lisboa; depois, pára em Alcochete, a sul de Lisboa, onde ficará o futuro aeroporto; e, finalmente, pára em Lisboa, em duas estações.
- Como: então o TGV vem do Norte, ultrapassa Lisboa pelo sul, e depois volta para trás e entra em Lisboa?
- Isso mesmo.
- E como entra em Lisboa?
- Por uma nova ponte que vão fazer.
- Uma ponte ferroviária?
- E rodoviária também: vai trazer mais uns vinte ou trinta mil carros todos os dias para Lisboa. - Mas isso é o caos, Lisboa já está congestionada de carros!
- Pois é.
- E, então?
- Então, nada. São os especialistas que decidiram assim. Ela ficou pensativa outra vez. Manifestamente, o assunto estava a fasciná-la.
- E, desculpa lá, esse TGV para Madrid vai ter passageiros? Se a auto-estrada está deserta... - Não, não vai ter.
- Não vai? Então, vai ser uma ruína!
- Não, é preciso distinguir: para as empresas que o vão construir e para os bancos que o vão capitalizar, vai ser um negócio fantástico! A exploração é que vai ser uma ruína - aliás, já admitida pelo Governo - porque, de facto, nem os especialistas conseguem encontrar passageiros que cheguem para o justificar.
- E quem paga os prejuízos da exploração: as empresas construtoras?
- Naaaão! Quem paga são os contribuintes! Aqui a regra é essa!
- E vocês não despedem o Governo?
- Talvez, mas não serve de muito: quem assinou os acordos para o TGV com Espanha foi a oposição, quando era governo...
Que país o vosso! Mas qual é o argumento dos governos para fazerem um TGV que já sabem que vai perder dinheiro?
- Dizem que não podemos ficar fora da Rede Europeia de Alta Velocidade.
- O que é isso? Ir em TGV de Lisboa a Helsínquia?
- A Helsínquia, não, porque os países escandinavos não têm TGV.
- Como? Então, os países mais evoluídos da Europa não têm TGV e vocês têm de ter?
- É, dizem que assim entramos mais depressa na modernidade. Fizemos mais uns quilómetros de deserto rodoviário de luxo, até que ela pareceu lembrar-se de qualquer coisa que tinha ficado para trás:
- E esse novo aeroporto de que falaste, é o quê?
- O novo aeroporto internacional de Lisboa, do lado de lá do rio e a uns 50 quilómetros de Lisboa. - Mas vocês vão fechar este aeroporto que é um luxo, quase no centro da cidade, e fazer um novo?
- É isso mesmo. Dizem que este está saturado.
- Não me pareceu nada...
- Porque não está: cada vez tem menos voos e só este ano a TAP vai cancelar cerca de 20.000. O que está a crescer são os voos das low-cost, que, aliás, estão a liquidar a TAP.
- Mas, então, porque não fazem como se faz em todo o lado, que é deixar as companhias de linha no aeroporto principal e chutar as low-cost para um pequeno aeroporto de periferia? Não têm nenhum disponível?
Temos vários. Mas os especialistas dizem que o novo aeroporto vai ser um hub ibérico, fazendo a trasfega de todos os voos da América do Sul para a Europa: um sucesso garantido.
- E tu acreditas nisso?
- Eu acredito em tudo e não acredito em nada. Olha ali ao fundo: sabes o que é aquilo?
- Um lago enorme! Extraordinário!
- Não: é a barragem de Alqueva, a maior da Europa.
- Ena! Deve produzir energia para meio país!
- Praticamente zero.
- A sério? Mas, ao menos, não vos faltará água para beber!
- A água não é potável: já vem contaminada de Espanha.
- Já não sei se estás a gozar comigo ou não, mas, se não serve para beber, serve para regar - ou nem isso?
- Servir, serve, mas vai demorar vinte ou mais anos até instalarem o perímetro de rega, porque, como te disse, aqui acredita-se que a agricultura não tem futuro: antes, porque não havia água; agora, porque há água a mais.
- Estás a dizer-me que fizeram a maior barragem da Europa e não serve para nada? - Vai servir para regar campos de golfe e urbanizações turísticas, que é o que nós fazemos mais e melhor. Apesar do sol de frente, impiedoso, ela tirou os óculos escuros e virou-se para me olhar bem de frente:
- Desculpa lá a última pergunta: vocês são doidos ou são ricos?
- Antes, éramos só doidos e fizemos algumas coisas notáveis por esse mundo fora; depois, disseram-nos que afinal éramos ricos e desatámos a fazer todas as asneiras possíveis cá dentro; em breve, voltaremos a ser pobres e enlouqueceremos de vez. Ela voltou a colocar os óculos de sol e a recostar-se para trás no assento. E suspirou:
- Bem, uma coisa posso dizer: há poucos países tão agradáveis para viajar como Portugal! Olha-me só para esta auto-estrada sem ninguém!
quarta-feira, 3 de junho de 2009
BPP e o sistema que olha pelas grandes instituições e não pelas pessoas
Onde é que andam agora os snipers para abater este grande assaltante de pessoas, mais conhecido por BPP?
sexta-feira, 29 de maio de 2009
quinta-feira, 21 de maio de 2009
Petróleo - nem Branco nem Transparente
Depois da guerra aberta entre gasolineiras sobre o caso das chamadas marcas brancas vendidas nos Hipermercados a um preço mais acessível, as quais supostamente não teriam qualidade e que poderiam danificar os motores, eis que se veio provar que as razões alegadas pelo cartel não teriam qualquer fundamento.
Enquanto essas denominadas marcas brancas não atingiram uma fatia demasiado apetecível para qualquer ganancioso ligado ao negócio do petróleo, ninguém se preocupava com os motores dos carros dos coitaditos dos consumidores, porém agora que os Hipermercados já controlam quase 30% desse mercado é que a ANAREC e os malfeitores da GALP, subitamente e por uma questão de "altruísmo", que lhes é bastante característico, resolveram preocupar-se. De tanto alarido que fizeram eis que agora saiu um estudo da DECO sobre a transparência nas empresas. É curioso que das 363 empresas cotadas na Bolsa, a GALP ficou no deplorável 358º lugar. Podemos concluir que a GALP detesta o branco e o transparente, ficando-se assim mais pelas cores escuras e turvas, as quais deveriam fazer parte do seu logótipo.
A DECO deveria ter feito, igualmente, um estudo sobre a ética de algumas empresas, aí aposto que a GALP atingiria o último lugar.
quarta-feira, 22 de abril de 2009
Para Pensar e Discutir: The Zeitgeist Addendum
Tive a oportunidade de ver muito recentemente o filme/documentário "The Zeitgeist Addendum", o qual vem no seguimento do anterior (The Zeitgeist Movie), e achei por demais oportuno colocar aqui um post de modo a que os nossos leitores (que ainda não conhecem o documentário)possam ter a possibilidade de assistir ao mesmo com o intuito de no mínimo pensarmos e discutirmos a temática de fundo ( O sistema financeiro mundial )que tanto tem estado em voga nos últimos tempos.
Trata-se de um bom documentário, que pretende "colocar a nú" aquilo que na realidade é o supra-modelo institucionalizado a nível mundial - o Monetarismo.
Há aqui muita matéria para analisar em profundidade, a qual infelizmente, para a maior parte dos seres humanos é de um completo desconhecimento e como tal sempre mais limitador duma real consciencialização do Mundo em que vivemos.
Concorde-se ou não, no mínimo valerá sempre a pena assistir a "The Zeitgeist Addendum". São cerca de 2 horas perspectivando uma nova dimensão, uma nova realidade, um novo olhar sobre as nossas vidas. Realidade ou Ficção? Essa questão fica para cada um de nós responder no final! Não querendo desde já influenciar uma resposta a tal, diria que independente do posicionamento de cada um, trata-se de um ângulo diferente de visão da nossa história, enquanto seres humanos, da nossa contemporaneidade e fundamentalmente da nossa condição humana!
Quem ainda não teve a oportunidade e assistir ao 1º documentário - The Zeitgeist Movie - aconselharia primeiro o seu visionamento de modo a enquadrar melhor aquilo que trata o 2º (The Zeitgeist Addendum).
Deixo de seguida os links e o trailer de "The Zeitgeist Addendum":
Link: The Zetgeist Movie
Link: The Zeitgeist Addendum
domingo, 19 de abril de 2009
O equívoco de Cavaco Silva
Cavaco Silva, afirmou recentemente que "Empresários, banqueiros e gestores submissos em relação a ministros e secretários de Estado pouco contribuem" para resolver a crise.
Ora, aquilo que na realidade o nosso estimado presidente deveria ter dito era o seguinte, "Ministros, secretários de estado, autarcas e a classe política em geral submissos em relação aos grandes grupos económicos e à banca pouco contribuem" para resolver a crise.
O Presidente da República deste modo apelou à autonomia face ao poder político, quando deveria ter apelado à autonomia face ao poder económico. Que a classe política mundial tem sérias responsabilidades na actual crise, isso é um dado mais do que evidente, agora que a ânsia do lucro a qualquer preço levada a cabo pelos grandes grupos económicos e sector da banca são a essência de toda a crise, isso também parece-me demasiado óbvio.
Existem, por certo, casos onde a preocupação de Cavaco Silva tem a sua devida sustentação, mas analisando a situação num campo muito mais abrangente a afirmação do Presidente da República, demonstra uma visão de muito pouca profundidade e de certa forma um paradoxo perante aquilo que foi o comportamento de toda a grande classe empresarial até muito recentemente, e aí não cheguei a ouvir uma única afirmação do senhor Cavaco Silva alertando para aquilo que se estava então a passar no mundo político / económico. Mas sei bem o porquê de tal: caso contrário não conseguiria ter sido eleito!
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Factos para meditar na aprovação do sigilo bancário
Foi hoje aprovado na Assembleia da República, o fim do sigilo bancário com os votos do PS, BE, PCP-PEV a abstenção do PSD e CDS-PP e o voto contra do deputado socialista Vitor Baptista.
1ªQuestão: Numa matéria que nos dias que hoje correm, reforça a urgência da sua criação, como é que é possível partidos de poder como o PSD optarem pela abstenção não querendo assumir uma posição activa no combate à fraude fiscal e ao "regabofe" financeiro da praxis neo-liberal que originou a crise que actualmente atravessamos? Esta posição do "não é carne nem é peixe" em determinados temas, diz logo à partida muito!
2ªQuestão: Quem é a figura de nome Vítor Baptista? Provavelmente alguém que quis aparecer em destaque a reboque do momento?! Ou então,alguém que recebe muitos prémios enquanto administrador?! Não sei, só sei que segundo o senhor o fim do sigilo bancário não tem em conta a "devida fundamentação desse acto por parte da administração fiscal". É uma preocupação Orwelliana de facto, mas pessoalmente penso que não foi tanto por aí que o deputado quis justificar o seu voto contra.
A notícia na íntegra no seguinte link: Parlamento aprova fim do sigilo bancário
quinta-feira, 2 de abril de 2009
O ponto G....20
Nicolas Sarkosy (Presidente francês) e Angela Merkel (Chanceler alemã) apoiam e defendem a ideia de que deve haver um maior controlo dos mercados financeiros enquanto que, por outro lado, Barack Obama (Presidente americano), Gordon Brown (Primeiro-ministro inglês) e Taro Aso (Presidente japonês) defendem um maior estímulo da economia por parte dos governos. Barack Obama afirma que se deve evitar o proteccionismo e alegou, também, que esta não é uma cimeira para "meias-medidas", porém, Obama tal como Gordon Brown e Taro Aso defendem que não se deve ir longe demais em relação à maior regulamentação dos mercados financeiros defendido por Sarkosy e Angela Merkel. Parece contraditório, não é!? E é mesmo!
Em jeito de conclusão, poderemos inferir de que desta cimeira não vai resultar grande coisa. Vão-se tomar alguns cuidados paliativos para o já moribundo sistema capitalista Ocidental, porém os sintomas da doença não irão desaparecer. Esta é, sem dúvida, uma cimeira para inglês ver.
quarta-feira, 11 de março de 2009
Galpadas atrás de golpadas
"O «bom desempenho» do segmento de refinação/distribuição, permitiu compensar a diminuição dos resultados do segmento de negócio de gás, refere a empresa no comunicado divulgado pela Comissão de Mercado de Valores Mobiliários.
O lucro operacional da Galp Energia antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) melhorou 9,4 por cento, para 975 milhões de euros, num período em que as vendas cresceram 20 por cento para 15 mil milhões de euros.
Só as vendas de gás natural cresceram 4,8 por cento, para 5.638 milhões de metros cúbicos.
Cerca de 80 por cento desse investimento foi canalizado para o segmento de refinação e distribuição.
Em conferência de imprensa, o presidente da Galp, Ferreira de Oliveira, assumiu a empresa como uma das dinamizadoras da economia nacional, mas também como exportadora e empregadora."
A minha opinião:
É deveras vergonhoso o facto do presidente da galp (as minúsculas são mais condizentes com esse tipo e com essa empresa) vir arrotar na cara dos portugueses depois de se ter empanturrado às custas de nós todos.
Só 105 milhões de Euros correspondem à redução a "passo de caracol" dos preços dos combustíveis, ou seja, quando o preço do petróleo já tinha baixado lá fora, aqui ainda não tinha sido acertado. Mas quando a quadrilha da galp ouve que vai haver um aumento de preços lá fora, trata imediatamente de aumentar os preços e isto com a mesma rapidez com que o Bayern enfiou ontem 7 golos no fundo da baliza do Sporting.
Ainda o biltre diz que é devido ao "bom desempenho". Se olharmos duma perspectiva criminal, essa quadrilha até foi eficaz no roubo.
Fonte: TSF
segunda-feira, 2 de março de 2009
Crise??Qual Crise?
O BES gastou, no ano passado, cerca de 14,38 milhões de euros em remunerações pagas ao seu conselho de administração, mais 17% que em 2007. in Diário Económico
As acções da Cimpor fecharam hoje nos 3 euros, pelo que a diferença entre o preço pago pela Caixa por 10% da Cimpor e o seu valor em Bolsa já mais que duplicou, de 25% para 58,2%. Se a Caixa alienasse hoje a sua posição, perderia mais de 110 milhões. in Jornal de Negócios
A Portucel registou uma queda de 14% nos lucros de 2008, mas a empresa propôs um aumento ligeiro nos dividendos a entregar aos accionistas. A empresa de pasta e papel vai distribuir 80,58 milhões de euros, o que representa 61% dos resultados líquidos obtidos. in Jornal de Negócios
A Jerónimo Martins deverá apresentar, a 6 de Março, a próxima sexta-feira, lucros de 150 milhões de euros, de acordo com as estimativas do Espírito Santo Research (ESR). Um aumento de 15%.in Jornal de Negócios
A Espírito Santo Research (ESR) prevê que a Energias de Portugal (EDP) tenha registado lucros de 1,057 mil milhões de euros no ano passado., reflectindo o "impacto positivo da oferta pública inicial da EDP Renováveis".in Jornal de Negócios
Clubes aumentam salários, apesar da quebra de receitas.in Jornal de Negócios
O lucro da Galp Energia deve ter subido 9% no ano passado, face a 2007, para 456,8 milhões de euros, de acordo com a média das estimativas dos analistas contactados pela agência Lusa.in Jornal de Negócios
A Volkswagen anunciou hoje que os lucros de 2008 aumentaram 15% no ano passado, tendo a empresa alemã perspectivado um aumento da sua quota de mercado, com o lançamento de novos modelos a compensar a queda na procura mundial.in Jornal de Negócios
Grupo Pestana anuncia novo hotel.in Diário Económico
Para não estarmos sempre a falar do pessimismo da dita Crise, aqui fica algo mais.....positivo (para uma minoria, é claro)! A Crise afinal não é mesmo para todos!
terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
Resumidamente, será assim:
O novo plano do Tesouro norte-americano para salvar os bancos do país tem quatro pontos fundamentais: Para estabilizar o sistema financeiro e recuperar a confiança nos mercados, os reguladores vão definir critérios comuns para ajudar a limpar os balanços dos bancos e fortalecer os seus rácios de capital. Os reguladores também vão, pela primeira vez na história, fazer simulações de risco para garantir que os maiores bancos do país conseguem sobreviver em caso de agravamento da recessão. O plano prevê ainda novas injecções de liquidez nos bancos que precisem de capital para continuarem a emprestar dinheiro às famílias e às empresas, desde que estes consigam atrair capital privado. Para estimular os empréstimos a consumidores e empresas, o Tesouro e a Reserva Federal (Fed) estão a criar uma nova linha de crédito de até um bilião de dólares. O objectivo é fazer descer os juros dos empréstimos para os clientes responsáveis e dinamizar o mercado de crédito. Para voltar a pôr o sistema financeiro a funcionar, o Tesouro e a Fed também vão criar um Fundo de Investimento Público-Privado que irá disponibilizar capital a investidores privados para comprarem "activos tóxicos" dos bancos. Isto permitirá às instituições financeiras limpar os seus balanços contabilísticos, ao mesmo tempo que possibilita aos investidores privados definir preços para activos que anteriormente não valiam nada. Para conter a crise do sector imobiliário e permitir que as pessoas mantenham as suas casas, o Tesouro, em conjunto com a Fed, vai criar uma bolsa de 50 mil milhões de dólares. Esta quantia será usada para descer as prestações mensais pagas pelos norte-americanos. Fed e Tesouro também vão definir novas regras para os empréstimos. O Plano de Estabilidade Financeira de Obama vai exigir ainda que todas as instituições que recebam ajudas federais participem nos planos do Governo contra a crise do sector imobiliário. O mesmo documento sublinha que ter acesso aos recursos do Governo é um privilégio, não é um direito, e acarreta novas condições e responsabilidades. fonte:Diário Económico
O "Diário Económico", notícia hoje como será a estratégia da administração Obama para, no imediato, estabilizar o sector financeiro norte-americano.
Resumidamente, será assim:
O exemplo começa a ser dado, vamos ver como respondem os Europeus. Certamente não será a nacionalizar bancos que são autênticos "buracos negros"!
Obama promete marcar pela positiva a História contemporânea, ficaremos atentos!
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
A ilusão da Racionalidade e da Moralidade
Muito se tem falado a propósito da dita Crise económico-financeira que aflige hoje a nossa contemporaneidade, no entanto nem todas as explicações são suficientes o q.b. para proporcionar uma visão ampla da real dimensão do problema bem como da sua "verdadeira" génese.
Ora são economistas, políticos, jornalistas, fiscalistas entre outros a apontar as causas da mesma, no entanto , são poucos aqueles que pretendem olhar para esta situação de um prisma diferente daquele que é a visão tecnocrata subjacente ao próprio tema, a qual encara na sua doutrina-mãe, a premissa desenvolvida desde os tempos de Adam Smith que faz com que a economia nos "pinte" como seres racionais. Mas a realidade é muito diferente, dessa máxima.
Um dos comentários mais interessantes que tive a oportunidade de escutar e ler sobre a Crise e a própria Economia, foi o de Dan Ariely - professor do MIT - autor do livro "A ilusão da Racionalidade", o qual contradiz a máxima anteriormente citada, afirmando que nós, seres humanos, somos muito diferentes desse Homo Economicus que a Economia ao longo dos tempos criou, na medida em que "somos mais capazes de ceder a estímulos psicológicos difíceis de compreender, mas fáceis de identificar."
Dan Ariely é um dos novos expoentes de um ramo relativamente novo dos estudos económicos, conhecido como economia comportamental. Os seus estudos fazem fronteira com a psicologia, pois tentam entender como as mais diversas emoções -- raiva, medo, desejo sexual -- são parte fundamental de qualquer decisão económica que possamos tomar no dia-a-dia.
Posto isto, eis-nos chegados ao 2ºponto do título deste post: a Moralidade.
A irracionalidade, é ela mesma originadora de imoralidade. Esta é para mim a verdadeira crise que actualmente o mundo e as nossas sociedades enfrentam: uma Crise Moral e de Valores (e não entendam isto ao abrigo de qualquer doutrina religiosa ou conservadora).
O que está na origem desta crise financeira, não é mais do que uma crise moral e de valores a qual originou consequentemente uma crise de confiança, confiança essa que é vital em qualquer modelo económico.
Os Estados falharam, ao deixar o mercado actuar como bem quis e entendeu, fecharam os olhos e fizeram que nada sabiam, confiaram eles próprios na "boa vontade" do mesmo mercado, porque desse modo daria menos trabalho, seria mais cómodo e acima de tudo era e é o motor, o garante da sua própria sustentabiilidade. Resultado?...o que se vê diariamente!
Os principais afectados?....aqueles que menos fizeram (directamente) para que tal situação se verifica-se: a força de trabalho, e de produção.
Que por ironia , é aquela que apesar de mais afectada tem a capacidade de reequilibrar e sustentar o modelo económico-social que a acabou de afectar.
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
domingo, 11 de janeiro de 2009
Os mercados financeiros são o fim da macacada
Não resisto a postar aqui no Opinion Shakers esta metáfora sobre os mercados financeiros, a qual recebi por e-mail e cuja autoria desconheço.
"Uma vez, num lugarejo, apareceu um homem anunciando aos aldeões que compraria macacos por 10 € cada.
Os aldeões, sabendo que havia muitos macacos na região, foram à floresta e iniciaram a caça aos macacos.
O homem comprou centenas de macacos a 10 € e então os aldeões diminuíram seu esforço na caça.
Aí, o homem anunciou que agora pagaria 20 € por cada macaco e os aldeões renovaram seus esforços e foram novamente à caça.
Logo, os macacos foram escasseando cada vez mais e os aldeões foram desistindo da busca. A oferta aumentou para 25 € cada e a quantidade demacacos ficou tão pequena que já não havia mais interesse na caça. O homem então anunciou que agora compraria cada macaco por 50 €! Entretanto, como iria à cidade Grande, deixaria o seu assistente cuidando da compra dos macacos.
Na ausência do homem, o assistente disse aos aldeões:
- Olhem todos estes macacos na jaula que o homem comprou. Eu posso vender-vos por 35 € e, quando o homem voltar da cidade, vocês podem vender-lhe por 50 € cada.
Os aldeões, "espertos", pegaram nas suas economias e compraram todos os macacos do assistente.
Eles nunca mais viram o homem e o seu assistente, somente macacos por todos os lados.
Agora ficaste a saber como funcionam os mercados financeiros?"