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quarta-feira, 20 de maio de 2009

"A professora mais espectacular!"

Segundo noticia a edição online do jornal Público, "dezenas de alunos da Escola EB 2/3 Sá Couto de Espinho descrevem a docente, que foi suspensa devido à acusação de manter conversas impróprias nas aulas, como "a professora mais espectacular na escola"."



Posto isto, e tratando-se de uma professora que lecciona no 3º ciclo ( do 7º ao 9º ano), peço a atenção para um... pequeno pormenor, nomeadamente em relação aos alunos entrevistados que defendem o "espectáculo de professora" que têm, as idades dos mesmos situam-se entre os 18 e os 19 anos!
Para começar é de imediato evidente, que estes alunos devem frequentar as aulas por vários motivos, mas ou muito me engano, o estudo e o conhecimento das matérias oficiais leccionadas pela sra. professora, não fazem parte desse potencial conjunto de motivos. Tendo em consideração que o escalão etário do 3º ciclo, abarcará por regra, alunos que vão dos 12 aos 15/16 anos...

Para terminar, acrescentaria que fiquei incomodado com a falta de "profissionalismo" e de aptidão pedagógica patenteada por esta professora de Espinho na medida em que, enquanto pai e também formador, não posso tolerar tão baixo nível de competências humanas e pedagógicas naquela que é considerada uma actividade de grande prestígio humano: a formação e o ensino!

Este episódio da escola de Espinho(que não será caso isolado, como tem vindo a ser comprovado) só vem demonstrar que, no que concerne a Educação, penso que apesar de todas as reformas que têm sido levadas a cabo nos últimos anos, as mesmas não têm trazido uma significativa melhoria na qualidade do nosso Ensino. Não atribuo toda a culpa à classe dos professores, obviamente! Penso é que, os mais altos responsáveis pelos nossos desígnios, não têm conseguido atingir e perceber a dinâmica social dos nossos tempos. Mais do que formar-se cidadãos, aquilo que se está a fazer (tirando as devidas excepções, como é normal) é formar pura e simplesmente meros consumidores, hipotecando dessa forma o futuro de qualquer País.

A terminar, do ponto de vista psicológico, a problemática também deverá ser analisada, isto porque alguns profissionais não sabendo gerir o seu lado emocional derivado a um conjunto de pressões e acima de tudo frustrações, transformam-se em seres "recalcados" e descontrolados, não contribuindo em nada para aquilo a que muitos designam de "bem-estar social"!

3 comentários:

Anônimo disse...

Concordo na totalidade Ricardo e ainda acrescento, aquilo que sucedeu na escola de Espinho foi «Deseducação».

Bjs

Verónica

HG disse...

Ricardo,

Desculpa lá, mas vou ter de discordar. Os professores apesar, da sua responsabilidade, são seres humanos tal como quaisquer outros, sujeitos a pressões, frustrações, ansiedades, stress e tantos outros factores negativos que uma profissão deste tipo está sujeita.

Lembro-me de ter tido professores com comportamentos estranhos, com conversas, às vezes, despropositadas, mas o engraçado de tudo isto é que só me lembro desses professores e dos professores bons que tinham o dom de ensinar e que muitas vezes eram os mesmos.

É certo que esta professora não deveria ter tido o comportamento que teve nem ter dito o que disse, mas a única diferença em relação ao nosso tempo de escola é que agora há tecnologia que permite fazer gravações em vídeo, vulgo telemóveis, infelizmente neste caso e em tantos outros dentro duma sala de aula. Acho que as pessoas estão cada vez mais histéricas com as imbecilidades que a comunicação social continua a divulgar cá para fora.

O estado da nossa educação mede-se de forma negativa, não por este ou outro caso isolado do género, mas pela política economicista, de facilitismo e de desautorização dos professores, levadas a cabo por este governo nesta área que deveria ser prioritária.

Ricardo Tomás disse...

Amigo Hélder,

Não há que pedir desculpa, por não partilhar do meu posicionamento face ao caso em questão. É esse mesmo o espírito do O. Shakers!!

É lógico que os professores são seres humanos como todos os outros profissionais, sujeitos às pressões derivadas da sua actividade profissional e da sua condição humana, agora isso de modo algum pode justificar o comportamento que a dita senhora teve para com os seus alunos.

Muitos são também os professores que vivem altamente pressionados, mas não têm o comportamento irresponsável e de enorme falta de respeito para com os seus alunos, por muito que estes muitas vezes tenham a postura agressiva e de falta de respeito perante os próprios.

A senhora em questão, com o seu comportamento, simplesmente revelou não ter capacidades humanas para poder leccionar seja lá o que for a alguém, independentemente do estado de pressão ou não a que possa estar sujeita.

Durante o meu tempo de estudante, também eu presenciei, em determinados momentos, comportamentos "anormais" por parte de alguns professores, no entanto (felizmente, no meu caso) nunca assiti a tanta falta de categoria ( humana, intelectual e pedagógica) por parte de um professor.
Os "bons" professores, esses, de facto são eternos na nossa memória.

Concordo que, os Media na matéria em foco têm "usado e abusado" da mesma, procurando na maioria dos casos insuflar "o balão" o mais que for possível.Mas isso também é característico do tipo de comunicação social dos tempos modernos na lógica comercial das audiências.

Mas não é pelo motivo de a Media ser muitas vezes "sanguinária" e de lançar enorme número de imbecilidades quotidianamente, que devemos dar "margem de desconto" a situações que na sua essência são de facto altamente criticáveis pelo seu perfil negativo e desestruturante.
Tomar esta notícia como uma imbecilidade é não estar a analisar, no caso, aquilo que de facto é essencial.

O estado da nossa Educação, não é medido obviamente por esta situação, agora que demonstra em certa medida um certo "espírito" que se vive em algumas escolas, penso que por aí teríamos assunto para profunda análise, onde obviamente muitas variáveis teriam de ser levadas em conta.E esse é o debate e a análise que julgo estar em aberto.

A Educação vai mal, »that's a fact», mas não é de agora!
Começa a ser algo já demasiado enraizado na nossa forma de agir e actuar ao longo dos tempos. Trabalhar só por trabalhar para o "ranking", não será por certo a forma de resolver o problema. E nisso estamos os dois de acordo!

Grande abraço, amigo!