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quinta-feira, 30 de outubro de 2008

A Caixa de Skinner e as superstições na vida animal

Uma esmagadora maioria de nós, seres humanos, tem superstições. Só para enumerar algumas: evitar passar debaixo duma escada; não entornar sal em cima da mesa; não partir espelhos; entrar sempre com o pé direito na sala onde se irá fazer um exame; ter pavor das sextas-feiras 13; evitar o número 13; entre milhares de tantas outras.

Porém, não somos os únicos seres vivos a procurar padrões estatísticos não aleatórios na natureza ou mesmo a cometer erros a que poderemos chamar de superstições. As superstições existem também no reino animal, tal como foi provado pelas experiências do famoso psicólogo B.F. Skinner. Na década de 30 do século passado Skinner desenhou uma caixa, que mais tarde haveria de ficar conhecida com o seu nome, que nada mais é que um aparelho simples, mas versátil, para estudar a psicologia de, geralmente, um rato ou um pombo. É uma caixa com um ou vários interruptores inseridos numa das paredes que o pombo, por exemplo, pode accionar com o bico. Possui também um mecanismo de alimentação (ou outro tipo de recompensa) que funciona electricamente. Estes dois sistemas estão ligados de tal forma que a bicada do pombo faz funcionar o mecanismo de alimentação. No caso mais simples, cada vez que o pombo debica a tecla obtém comida. Os pombos aprendem rapidamente a lição. Os ratos também e, em caixas de Skinner adequadamente aumentadas e reforçadas, também os porcos.

O mecanismo pode estar regulado de forma que, em vez de todas as bicadas serem recompensadas, apenas uma em cada 10 bicadas o é. Mas numa dada ocasião, o número exacto de bicadas requerido é determinado aleatoriamente.

Pode também haver um relógio que determine quando uma bicada dá origem a uma recompensa, sendo no entanto impossível dizer qual será esse período.

Podem ser forçados a um horário em que apenas uma proporção muito pequena de bicadas é recompensada. É interessante verificar que os hábitos adquiridos nestes casos de recompensas ocasionais são mais duradouros do que aqueles que são adquiridos quando todas as bicadas são recompensadas: o pombo é desencorajado menos depressa quando o mecanismo de recompensa é totalmente desligado. Os pombos e os ratos são, portanto, estatísticos bastante bons, capazes de apreender facilmente pequenas leis de padronização estatística no seu mundo. É presumível que esta capacidade lhes seja tão útil na natureza como na caixa de Skinner. A vida é rica em padrões; o mundo é uma grande caixa de Skinner.

Mais tarde, em 1948, experimentou uma variação brilhante da técnica básica: eliminou totalmente a relação causal entre o comportamento e a recompensa. Programou o aparelho para "recompensar" o pombo de tempos a tempos independentemente do comportamento da ave. Assim, as aves tinham apenas de descansar e esperar pela recompensa. E é aqui que toda a experiência se torna mais interessante, de facto, as aves não descansaram à espera da recompensa. Em vez disso, em 6 de cada 8 casos, desenvolveram - exactamente como se estivessem a aprender um hábito recompensado - aquilo que Skinner designou como comportamento "supersticioso". Exactamente em que consistia este comportamento variava de pombo para pombo. Uma das aves girava sobre si própria como um pião, duas ou três voltas no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, entre "recompensas". Outra empurrava a cabeça em direcção a um dado canto superior da caixa. Uma terceira ave abanava-se como se como se levantasse uma cortina invisível com a sua cabeça. Duas aves desenvolveram independentemente um hábito rítmico e "pendular" da cabeça e do corpo. Skinner utilizou a palavra superstição porque as aves se comportavam como se pensassem que o seu movimento habitual tinha influência causal no mecanismo de recompensa, quando de facto não tinha.

Portanto para a próxima já sabe, antes de fazer um exame e entrar na sala com o pé direito isso não lhe vai adiantar nada no caso de não estudar. Mas se preferir ter comportamentos supersticiosos iguais aos dos ratos e dos pombos, tudo bem.

Fonte: Dawkins, Richard - Decompondo o Arco-Íris - 1998 - Editora Gradiva - págs. 190-192

Um comentário:

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