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quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Medina Carreira diz que falta de responsabilidade conduziu País à actual situação


Hoje decidi postar uma notícia emitida pela agência Lusa, a propósito de um debate sobre o estado do País levado a cabo na cidade do Porto, e onde de entre algumas personagens da cena económica destacaria essa "voz corrosiva" - a quem muitos consideram-na de catastrofista por natureza - e a qual me dá algum prazer escutar, na medida em que tratando-se de quem já passou pelo poder e conhece bem a realidade portuguesa nas suas diversas vertentes, em especial a económica, acaba por ser aquilo que muitos designam como a "pedrada no charco".

Ora aqui fica na íntegra a peça jornalística da Lusa:

O fiscalista Medina Carreira traçou hoje um quadro muito negativo de Portugal, considerando que a actual situação resulta de uma quebra acentuada no crescimento económico, num país em que "ninguém é responsável por nada".
"A democracia em Portugal é uma brincadeira em que ninguém é responsável por nada, não há responsáveis", afirmou Medina Carreira, salientando que "o País apenas é governado com rigor durante um ano ou um ano e meio por legislatura".

No restante tempo, segundo o fiscalista, quem vence as eleições começa por tentar corrigir as promessas que fez na campanha eleitoral e, a meio do mandato, "começa a preparar as mentiras para a próxima campanha eleitoral".

"Com esta gente que temos, não podemos ter muitas esperanças (quanto ao futuro)", defendeu, frisando que "as eleições ganham-se com mentiras".

Medina Carreira, que falava aos jornalistas em Gaia à margem de um debate sobre a actual situação do País, defendeu que "a raiz do problema" de Portugal resulta da quebra no crescimento económico.

"Durante 15 anos crescemos seis por cento ao ano, entre 1975 e 1990 crescemos quatro por cento ao ano e de 1990 para cá estamos a crescer 1,4 por cento ao ano. Se não mudarmos de vida, o futuro exige meditação", frisou.

Para o especialista, "não há economia que aguente um Estado social com tudo para todos, desde o berço até ao túmulo", defendendo que esta concepção "está condenada".

O fiscalista também se pronunciou sobre as verbas europeias destinadas a Portugal através do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN), desvalorizando a sua importância.

"Antes do QREN já vieram muitos milhões da Europa e veja-se o estado em que o País está", frisou Medina Carreira, que também se manifestou contra a rede ferroviária de alta velocidade e o novo aeroporto de Lisboa.

"São uma tontice, o País não tem dinheiro para isso", afirmou.

O quadro negro traçado por Medina Carreira foi corroborado pelo economista Pedro Arroja, para quem a economia portuguesa "está bloqueada".

"Estamos a crescer menos que toda a União Europeia, vivemos acima das nossas possibilidades, estamos a perder terreno em relação a outros países europeus", frisou.

Para o economista, a solução tem que passar por uma "redução significativa dos impostos que possa atrair as empresas e pôr a economia a trabalhar".

Pedro Arroja considerou que o aeroporto e a alta velocidade "são projectos para encher o olho mas não são prioritários para o País", além de que "só vão complicar as coisas do ponto de vista orçamental.

"Como português, gostaria muito que tivéssemos um novo aeroporto em Lisboa e uma rede ferroviária de alta velocidade mas não me parece que sejam prioritários", afirmou.

Para o economista, a opção do Governo pelo combate ao défice está a "estrangular a economia", defendendo que "não morremos da doença mas podemos morrer da cura".

Medina Carreira e Pedro Arroja foram dois dos intervenientes num debate sobre a situação do País, em que também participou Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto. O dirigente socialista Jorge Coelho, cuja presença tinha sido anunciada, faltou.

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