É muito provável que o homem conhecido como Banksy seja presentemente o "maior" artista de rua dos nossos tempos. O alcance global do conteúdo das suas obras, aliados a uma certa omnipresença e a uma ousadia na escolha dos lugares a serem retratados (a Disneylandia ou os pinguins do Jardim Zoológico de Londres) fizeram dos seus stenciles imediatamente reconhecíveis pelo grande público mas, a despeito disso, seu nome verdadeiro, ano de nascimento e cidade natal permanecem um mistério.
Em Janeiro deste ano, uma parede grafitada por ele foi vendida por 400 mil dólares e, meses depois, duas peças menores seriam avaliadas em 50 mil libras cada uma e colocadas em leilão junto com fotografias de Elthon John e Faye Danaway; desde o ano passado, pedaços de rua grafitados têm sido arrancados e vendidos no e-Bay a 20 mil libras.
Tanto furor tem a ver com a crescente atenção e importância que as intervenções urbanas têm vindo a ganhar nos grandes e médios centros urbanos de todo mundo depois de saírem da esfera da pixação pura – uma concorrência entre grupos e indivíduos pixadores (convém fazer a distinção destes dos graffiters) cujo objectivo é, essencialmente, elevarem os seus nome e assinaturas através do vandalismo mais arriscado (os pixadores).
As intervenções urbanas são agora parte da chamada arte contemporânea pelo refinamento dos objectivos, referências das gravuras e complexidade das mesmas. São instalações artísticas em pleno céu aberto que hoje dialogam com o aspecto do pixe (termo de origem brasileira que está associado à cultura dos Graffities e que não utiliza nem recorre a tintas nobres, nem a técnicas académicas ) e com as grandes galerias de arte.
Banksy é um dos grandes nomes desse movimento que tem levado as ruas para dentro dos museus e a arte para quem simplesmente passa na rua. As suas gravuras possuem um claro conteúdo político, rebelde, que se derrama em sarcasmos tão violentos quanto subtis: o soldado sendo revistado por uma criança, o guerrilheiro que joga um ramo de flores ao invés de uma bomba, a empregada varrendo o lixo para dentro da parede, os dois assassinos de Pulp Fiction agarrando em bananas ao invés de armas, ou agarrando em armas, mas vestidos de bananas.
São protestos que podem ser compreendidos e sentidos do mesmo modo por londrinos e colombianos, Banksy mexe com a cultura de massas, com os produtos e a miséria do nosso dia-a- dia e depois embala tudo com tinta preta e referências a artistas contemporâneos como a fotógrafa norte-americana Diane Arbus ou o artista-pop Andy Warhol.
A genialidade do artista está lançada agora na Village Pet Store And Charcoal Grill, uma bizarra loja de animais animatrónicos (uma categoria de robots originalmente criada pelos estúdios Disney) onde as grandes atracções são salsichas que fazem de minhocas, um chimpanzé que assiste pornografia no Discovery Channel e uma quinta de McNuggets. A loja, na 7th Av. ficou totalmente aberta ao público, dia e noite até o Halloween, apesar das suas exposições serem ainda desconhecidas da maioria do grande público. (Adaptado do post "Banksy:arte de guerrilha, segredos e animais" por Prill in Obvious)
Banksy, definitivamente um verdadeiro "shaker"!
3 comentários:
ora aqui está um bom post derivado de uma boa adaptação do original. Continuem o bom trabalho que têm vindo a realizar.
Saudações escalabitanas
Álvaro Tengarrinha
Banksy só é artista porque ninguém sabe quem é! Qualquer outro a fazer o que ele faz e que desse a cara não tinha 1 milésimo do reconhecimento que ele tem! A sociedade é muito hipócrita
caro amigo João, estranhos são os caminhos da arte e do reconhecimento artístico. A sociedade é hipócrita, é um facto, mas tal apenas espelha uma vertente da condição humana. Afinal, quem é que decide o que é arte e o que não é? (atenção que esta pergunta é bem mais profunda do que aquilo que aparenta) A sociedade? os críticos? os media? os académicos? as questões ficam para analisar num futuro post da minha parte, agora da parte dos nossos leitores, é um tema o qual fica à vossa consideração.
Cumps
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