Já Gaius Julius Caesar (100-44 AC) se referia à nossa incapacidade governativa nos seguintes modos: "Há nos confins da Ibéria um povo que nem se governa nem se deixa governar..."
Em 1867 Eça de Queiroz, mais detalhadamente, referiu-se aos nossos políticos na seguinte forma:
"ORDINARIAMENTE todos os ministros são inteligentes, escrevem bem, discursam com cortesia e pura dicção, vão a faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade, nem a concepção, nem o instinto político, nem a experiência que faz o ESTADISTA. É assim que há muito tempo em Portugal são regidos os destinos políticos. Política do acaso, política de compadrio, política de expediente. País governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência?"
Se há migrações para, praticamente, todo o tipo de profissionais, porque é que não há migração de políticos? Talvez os nossos políticos (a maioria deles) só arranjassem trabalho em África.
Eu votaria, talvez, num político norueguês ou sueco. Mas isto sou eu.
Tendo em conta o nosso compromisso histórico com a "baixa política", não será após as próximas legislativas que as coisas irão mudar por cá. Quando chega a altura das campanhas em que o povo se desloca como um rebanho para os comícios dos seus "partidozecos" (principalmente dos que têm feito parte dos governos em Portugal) agitando bandeiras e ululando palavras de ordem, é quase como se dissessem aos seus políticos/ pastores: "Eu quero ser lixado por vocês e não pelos outros". Esta esperança atávica por um novo D. Sebastião que vá salvar Portugal já começa a ser ridícula.
Se tivermos a noção de que cada um de nós poderá ser uma peça fundamental para um Portugal melhor.
Se tivermos um papel mais activo na intervenção política não partidária; seja através de associações ou comissões; seja através de artigos escritos em blogs, jornais ou revistas; seja através de cartas escritas aos nossos governantes; seja através de manifestações ou qualquer outro tipo de iniciativas; aí podem ter a certeza de que os nossos políticos irão mudar de atitude. Isto é o que já acontece, mas em pequena escala. Quando essa intervenção se tornar massiva, talvez, a partir daí comecem a surgir políticos que realmente tenham competência para resolver crises, para se desligarem da promiscuidade entre a política, o futebol e o grande poder económico. Talvez esses novos políticos venham a ter competência e humildade para se aliarem a outros partidos de ideais diferentes e desenvolverem uma estratégia económica e social a médio-longo prazo para o nosso país.
Há tanta coisa ainda por mudar neste cantinho à beira-mar plantado.
De recurso em recurso
Há 3 horas
Um comentário:
"Há nos confins da Ibéria um povo que nem se governa nem se deixa governar..."
Estava a falar dos espanhois. :)
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